Linda história de Sororidade: grupo terapêutico feminino
Todas somos um jardim, com muitas flores, plantas, animais, insetos, pessoas. A mulher é associada à Terra, pois é a partir dela que surge a vida. Jung diz que assim como cuidamos da Terra cuidamos do feminino. Se estamos explorando demasiado a Terra, estamos fazendo o mesmo com o aspecto feminino do mundo, e fazendo o mesmo com as mulheres.
E retomando os cuidados milenares, nessa atividade propus cuidar da Terra, em analogia ao EU.
Eu chamo essa atividade de CUIDAR DO JARDIM, e nela usei: 1 folha sulfite para cada um com um círculo desenho ao centro (mandala), canetinhas, lápis de cor, giz de cera e tinta guache, pincel, música de piano de relaxamento. E em seu enredo foram seis fases de desenvolvimento até ativar à emoção e reflexão.
Fase 1: Diante do enredo contato acima, sobre a reflexão de Jung sobre o feminino e o mundo, pedi para que elas olhassem aquele círculo como sendo elas mesmas, o seu todo. O seu todo de energia e tempo, tarefas, papeis sociais, emoções, tudo. Tudo o que ela FOI, É e SERÁ está contemplado ali no círculo.
Muitas já se olharam, e pareciam dizer, “será que cabe?”
E eu intuindo isso, disse “sim cabe”.
Fase 2: Pedi que fizessem uma lista na lateral da folha, cada ícone com uma cor diferente, para representar uma atividade, ou área da vida, um papel social. Eu ajudei dizendo alguns: filha, mãe, esposa, namorada, estudante, profissional, espiritualidade, lazer, finanças, dona de casa, etc.
Fase 3: Cada uma pode elencar uma lista colorida de papeis e ações. E então perguntei se elas já haviam visto um gráfico de pizza, ou se já haviam cortado pizza, e dessa mesma forma elas iriam dividir esse círculo em pizza, cada parte é uma ação, e o tamanho da fatia seria o tempo e energia gasto.
Nossa como essa fase demorou, cada uma veio com uma dúvida “mas isso é em relação ao meu dia?”, “Ou em relação há minha vida como um todo?”. Eu deixei livre, desde que reflita sobre como vem usando seu tempo e energia no seu HOJE.
Mesmo este sendo um momento ativo como facilitadora, em estar atenta, aberta, auxiliando e encontrando junto ao participante alternativas, como analista há de se ficar atenta a não interferir demais e deixar a demanda pessoal acontecer.
Fase 4: E chega o momento da fala, e cada uma pode expressar como se sentiu “colocando cada coisa no lugar”.
E foi então que surgiu uma fala: “não fiz o meu hoje, fiz o que eu tenho que fazer”.
Desta fala veio a intervenção terapêutica que todas precisavam refletir: “mas como está o seu real, afinal não vivemos hoje no ideal, precisamos antes ver como estamos.”
Essa fala faz com que a pessoa volte ao hoje, veja o hoje, reflita sobre hoje. Viver o hoje é a única maneira de tomar boas decisões para amanhã. Viver pensando no amanhã causa ansiedade e improdutividade, pois não fazemos nada hoje, sempre fica para amanhã, para o ideal. E ao contrário também não é saudável, pensar no ontem carrega um peso, uma depressão, e ontem não dá para “concertar”, mas hoje dá para fazermos diferente do ontem e quem sabe conseguir algo melhor para hoje e amanhã.
Foram reflexões importantes nesse momento, de como cuidamos no nosso jardim em relação às escolhas, aos papeis que exercemos, ao tempo que dedicamos a cada coisa, à energia que as vezes falta para coisas verdadeiramente importantes, mas que usamos para os outros ou até mesmo para evitar medos.
Viver evitando um medo é uma energia gasta atoa, pois tentamos compensar, e essa compensação não retorna a homeostase, é como uma torneira vazando. É necessário fechar a torneira, mas “há… como é difícil ter forças para tomar essa decisão e ação.”
Fase 5: Chega o momento de começar a pensar nas decisões que toma, e no que quer levar daqui para frente. Então no mesmo desenho de pizza eu pedi para usar tinta ou giz de cera e adicionar coisas que “faltavam”, e modificar tamanhos das fatias, para que o jardim ficasse mais equilibrado e tivesse um ciclo de vida real e não ideal, focado no hoje, com base na aprendizagem do passado e concentrado em ações que gerarão frutos no futuro. Alinhando assim PASSADO-PRESENTE-FUTURO.
Ufa, essa foi uma fase cheia de medos, de “não dá”, “não posso nesse momento”, “não tem como mudar”, “e se eu mudar o que acontece”, etc. Sentidno o grupo em baixa, como facilitadora comecei a mandar mensagens de necessidade desse movimento para a cura, de deixar o suposto controle, deixar as pessoas crescerem, de se deixar crescer, de cada um fazer seu 50%, de confiar, etc.
E a partir daí, comecei a escutar uma ajudando a outra mandando mensagens de apoio, contando fatos pessoais de como passaram por situação parecida e como conseguiram ter forças para solucionar. Isso acalmou corações e mentes, sim há a possibilidade, sim posso pensar sobre, sim posso mudar, sim posso fazer escolhas, sim posso me responsabilizar comigo.
Fase 6: Como fechamento elas pediram para mandar a foto da obra, para poderem se lembrar e se comprometer consigo nessa possibilidade de novo posicionamento em relação ao seu jardim da vida.
Fizemos um abraço coletivo e cada uma disse uma mensagem de apoio as outras, naturalmente se comprometeram em tentar, e trazer para a próxima semana o que conseguiu progredir em seu cuidado pessoal.
Foi intenso não é mesmo? O que eu adoro na Arteterapia é que uma técnica tão simples como é o gráfico de pizza, já usada cotidianamente em outras funções estatísticas e de mensuração, pode gerar tanta reflexão e tocar emocionalmente as participantes.
Por isso sempre digo, não adianta saber técnicas se você não está disposto a se tornar um Cuidador da Psique, pois a técnica em si sem a sua entrega como Cuidador não levará ninguém a lugar algum, ou seja, não toca emocionalmente e não gera reflexão.
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